Conhecendo a Bélgica – lembrancinhas

Dando continuidade ao post anterior.
Outra tradição belga que gira em torno ao nascimento do bebê: lembrancinhas comestíveis. Mais especificamente amêndoas açucaradas (suikerbonen).

Entrar dentro de um quarto de maternidade aqui na Bélgica é o equivalente a entrar dentro de uma loja de doces (eu vou tirar foto do meu quarto quando estiver no hospital para vocês verem). Geralmente são vários doces expostos das mais diversas formas para dar de lembrancinha.
Oferecer uma lembrancinha quando alguém te visita no hospital (ou em casa) é tão comum quanto oferecer lembrancinha no final do casamento, mas cada país acaba tendo seu próprio costume.
Eu sou contra lembrancinhas “inúteis”, enfeites que não vão me servir pra nada e que, depois de muito tempo ocupando espaço, eu acabo jogando fora. Quando a Rafa nasceu, como era verão, nós oferemos pequenos sabonetes artesanais de uma loja de sabonetes que tinha no Shopping Vitória (tinha um de menta com eucalipto que literalmente refrescava sua pele!! Foi meu vício durante a gravidez).
Se não tivesse escolhido os sabonetes, teríamos oferecido alguma coisa comestível (hoje em dia eu teria optado por aqueles tubinhos de brigadeiro e bem-nascidos).

Na Bélgica a tradição é oferecer amêndoas açucaradas (apesar de muita gente optar por substituir as amêndoas por M&M para deixar as lembrancinhas mais coloridas).
As minhas favoritas são essas:

Escolhemos essa bolha com amêndoas açucaradas e um chaveirinho de golfinho e mais essas caixinhas azuis, com amêndoas dentro, fechadas com um golfinho-imã.

(Fonte: FOTOLUCAS – onde encomendamos as lembrancinhas – e os cartões de nascimento)

Conhecendo a Bélgica – Cartão de nascimento / Geboortekaartjes

Como a Bélgica é praticamente dividida em três micro-países distintos, não é tudo que eu posso dizer ser uma tradição BELGA. Muitas tradições flamengas (parte que fala neerlandês) não são iguais na região da Valônia (parte que fala francês), assim como não são reproduzidas na região de Ardennes (parte que faz fronteira com Suiça – eles falam francês e alemão). No entanto, uma das tradições que realmente é reproduzida país à fora é uma relacionada ao nascimento de uma criança.
TODO nascimento na família é anunciado por meio de um cartão personalizado (pra falar a verdade belga ama ter desculpa pra mandar cartão, nunca vi!), como esses:

(Fonte: FOTOLUCAS – que é onde encomendamos o nosso.)

Como a Rafa nasceu no Brasil na época que morávamos lá, não enviei cartão anunciando o nascimento dela – foi por email – e não tenho exemplo pra mostrar. Esse abaixo é de um amigo nosso:

Esse é um costume que eu adoro (mesma coisa com os cartões personalizados que vc manda no natal com foto das crianças da família ou com a família inteira), mas tem um pequeno detalhe que me custou bastante tempo para achar “normal”: a parte mendiga do cartão.
Além das informações básicas (nome da criança, peso, tamanho, padrinho, em qual hospital vcs estão e o endereço de casa), os cartões exibem sua conta bancária e/ou as informações da loja onde você deixou sua lista de presentes.

Tipo, você não manda esse cartão só para os mais chegados, você manda esse cartão para TODO mundo (amigos, conhecidos, povo do trabalho, vizinho, vizinho da mãe, etc etc etc) e ninguém é obrigado a te dar presente ou fazer depósito na sua conta, mas eu achava (ainda acho, um pouquinho) o cúmulo você mandar um cartão praticamente pedindo presente!!!!!
Quando eu comentei no trabalho que eu não queria colocar minha conta bancária e/ou lista de presentes no cartão ficou todo mundo me olhando com a mesma expressão que olhariam se eu tivesse anunciado que estava indo fazer uma excursão em Marte no ano que vem.

Ahhhh, outra coisa que eu achava estranha no jeito belga de ser é que o cartão te avisa quando você é bem vindo para visitar a mãe e o bebê. Geralmente esses cartões são enviados no dia do nascimento, ou no dia depois logo pela manhã, e muita gente não gosta de receber visita no primeiro dia de hospital (eu tb não quero), então o cartão diz que você pode ir visitar no hospital a partir do dia X. E, se for visitar em casa (aqui se fica uma média de 4 dias no hospital), tem os telefones dos pais no cartão para você marcar a visita e já uma indicação de qual horário é mais apropriado (essa coisa de horário não tem em todos os cartões, mas tb não é raro se encontrar um assim).
Ontem estava conversando com meu pai no Skype e disse que no dia que ganhar bebê, eu não quero visita. Quero limitar tudo em Mick + Rafa, mamãe (que vem ficar 1 mês aqui) e sogra + sogro. No outro dia pode virar oba-oba, mas no dia eu quero um pouco de paz. A reação de papai foi a esperada “e como que você vai ficar regulando visita menina?!”. Eu disse que era só eu avisar que não queria visita. Vocês fazem idéia da cara de horrorizado dele???
Acredito que no Brasil muitas pessoas se sentiriam ofendidas se você falasse que não queria visita logo no primeiro dia, aqui é comum você ser sincero sobre quando quer ou não quer ser visitado e as pessoas não levam isso à mal (no entanto, acho que se alguém falasse que não quer visita durante o primeiro mês, as coisas seriam diferentes).

No final das contas, além de eu amar a idéia de cartão personalizado, eu acho super prático você anunciar o nascimento do seu filho dessa forma. E sim, eu fico super sem graça de inserir a parte mendiga no cartão, mas é muito prático você saber exatamente onde pode comprar um presente pra aquela pessoa.

Eu ia aproveitar esse post pra falar sobre a tradição das lembrancinhas, mas o post já está grande. Vamos deixar pro próximo.

Oi? Tudo bem? Quanto tempo!

Se alguém me pedisse para resumir minha segunda gravidez em poucas palavras, eu não teria dificuldades nenhuma:

1 – enjôo – que, ao contrário do que reza a lenda, pode durar bem além das 12 semanas (!!!) ;

2 – antipatia – eu não fiquei antipática de verdade, mas fiquei anti-social, sem vontade de ninguém e sem saco pra nada. Uma chata;

3 – cansaço – vcs não fazem idéia do cansaço que eu sinto. Não é sono, é exaustão mesmo, de vc TER que sentar e ainda ficar ofegante por uns minutos;

4 – mau humor – não é sempre, mas tem dias que o nível da minha paciência está lá embaixo e eu fico de mau humor sem explicação ou motivo. Geralmente quem sofre é aquele povo do escritório que SÓ sabe reclamar;

5 – surpresa – acho que as pessoas teriam que me conhecer para entender o grau de choque em que fiquei no dia que me descobri grávida de um menino. No início da gravidez eu queria uma menina de novo e tinha certeza absoluta que ia ficar decepcionada se estivesse esperando um menino. Duas semanas antes de fazer a ultra para descobrir o sexo (não deu pra ver com 16 semanas), eu sonhei que tinha um menino e fiquei meio apaixonada pela fofura do bebê quando acordei. No dia que descobri o sexo foi uma puta surpresa, mas a maior surpresa foi eu ter ficado genuinamente, imensamente feliz por estar esperando um menino. Eu ainda me pego pensando “tem um MENINO crescendo dentro de mim!! Como pode?!” mas não consigo me imaginar grávida de outra menina.

Portanto pessoas, eu sumi. Sumi do blog (pq eu não quis renovar o contrato com o servidor já que não estava afim de postar), sumi do Twitter (pq quem não tem nada pra falar, melhor ficar calado) e só não sumi do Facebook pq tinha que manter algum contato com o mundo civilizado.
Hoje, com 31 semanas de gravidez, eu posso dizer que a antipatia está passando!!!! Viva!!!!!
Finalmente estou voltando a ser eu mesma e a reconhecer algumas atitudes. Ex.: a Fernanda normal NUNCA diria não à um happy hour com as amigas, a Fernanda Hormonal não iria querer nem ser convidada. Chatíssima, estranhíssima. Péssimo!

Com a antipatia e a fase anti-social passando, o blog volta, o Twitter volta e minha vida internética volta ao normal.

Só uma coisa, eu ainda não sei que rumo quero dar ao blog e também não quero definir isso agora. Por enquanto vou postando sobre o que me vier na cabeça e por aí a gente vai =)