Eu comecei esse post na semana passada, não consegui terminar, mandei para o meu email pessoal para terminar no final de semana em casa, mas não tive tempo!
Estamos bem enrolados com nossa mini reforma em casa.
Eu simplesmente odeio ter a sensação de que não posso descansar no final de semana pq TENHO quer terminar de fazer alguma coisa.
Parece besteira, até pq sábado é dia de faxina e eu nunca liguei mas é a obrigação de fazer algo que me irrita. Passei o final de semana bem, mas irritada pq TINHA que terminar a cozinha (ainda não terminei!!!!!!!!), pq TÍNHAMOS que limpar a área externa, pq TINHA que dar um jeito nas montanhas de roupa para guardar que estavam nas poltronas do meu quarto e pq TINHA que limpar a casa pq já estava passando dos limites.
Vcs sabem, se eu me estresso, eu páro de comer mas se é qq outro sentimento, eu como desesperadamente. Passei o final de semana comendo MUITO, irritada com a falta de tempo e com as zilhares de coisas chatas que ainda tinha pra fazer.
No final das contas parece que, ao invés de um final de semana, eu só tive meio dia de folga entre uma semana e outra. Affe.
Enfim, vamos ao post …
Muita gente já viu a confusão que deu no Twitter da Xuxa na semana passada (a Denise explicou direitinho no Síndrome de Estocolmo) e eu queria pegar carona nessa discussão para comentar sobre um assunto relacionado que sempre me intrigou muito.
Não quero julgar (pq deos sabe o quanto que eu erro criando minha própria filha; quem sou eu para dar pitaco na vida dos outros!) e nem vou usar a Sasha como exemplo, mas sim um casal de amigos e suas escolhas para os seu filhos.
Logo que mudamos para SP conhecemos um casal extremamente simpático que tinha (tem) dois filhos adolescentes. Esse casal faz parte da minoria brasileira, também conhecida como classe social A.
Eles não são esnobes em nada, não usam somente roupas de marcas e designers, não esbanjam com “futilidades”, não limitam suas vidas à passeios no shopping e não são cercados de dezenas de serviçais cujos os nomes eles nem sabem. Não fosse o local onde moram e algumas escolhas, ninguém os julgaria como pessoas com poder aquisitivo tão alto.
Uma dessas escolhas foi a escola dos filhos: ambos estudam naquela escola em SP que é o equivalente da Escola Americana do Rio (eu sempre esqueço o nome!!! É onde os filhos dos famosos e ricos de SP estudam). A escolha não foi feita por status, nem mesmo por segurança, mas sim pq essa era a escolha ideal para o estilo de vida deles.
Ele, o pai, trabalha em uma empresa francesa hoje em dia mas morava nos EUA quando os filhos nasceram, onde cursava mestrado, e depois doutorado. Havia sido enviado pela empresa onde trabalhava naquela época e, apesar de ambos serem brasileiros, eles sabiam da possibilidade de nunca voltarem ao Brasil.
Quando voltaram ao Brasil, decidiram por essa escola para seus filhos pq abriria portas para estudos no exterior (essa escola de SP é ligada à Universidade de Oxford). Os filhos cresceram tendo como língua primária o inglês e obviamente falam essa língua com maior desenvoltura que o português, apesar morarem no Brasil por maior parte de suas vidas.
Nos conhecemos no ano em que o filho mais velho tentava vestibular para medicina. Primeiro que ele não queria sair do Brasil para estudar fora por enquanto pq queria construir sua vida próximo à família. Segundo que ele tinha uma seleta lista de universidades/faculdades onde queria estudar, leia-se as mais conceituadas de SP.
Além de ser muito inteligente, ele é um menino muito estudioso. Se esforça para conseguir o que quer, organizava grupos de estudos, passava madrugadas estudando e todas as outras coisas que eu nunca fiz.
Quando chegavam os resultados das provas, no entanto, era a mesma coisa: desempenhos excepcionais em química, matemática, física e biologia, enquanto ele mal pontuava um terço da prova de português.
Durante um ano me lembro que ele fez aulas de reforço intensivo para português e se matriculou em um cursinho famoso de SP (que eu tb já esqueci o nome), tudo isso para poder passar no vestibular onde a sua educação o atrapalhava.
Sua irmã estava na oitava série e, certamente, passará pelo mesmo caminho árduo caso queira prestar vestibular no Brasil.
Os erros que eles cometem são os mesmo erros que a Rafaela provavelmente irá cometer, são erros cometidos por crianças criadas com outra língua mãe, ou erros que ligamos à pessoas com baixa escolaridade.
E é isso que me fez pensar … até onde vale a pena valorizarmos uma língua acima daquela local??
Aqui na Bélgica, por exemplo, sabe-se que a maioria das famílias muçulmanas preservam sua língua e costumes. Isso, aliado ao fato de eles se socializarem quase exclusivamente com famílias do mesmo grupo, resulta em uma diferença enorme na fala e gramática de seus filhos, que só tem contato com o holandês na escola.
Eu sempre digo que errei com a Rafa por não ter insistido no português quando mudei pra cá, mas isso era fruto do meu medo (somado ao meu profundo descontentamento de ter mudado para a Bélgica novamente). Eu tinha pavor de a Rafa querer alguma coisa na creche e fazer o pedido em português. Tinha pânico ao pensar que ninguém entenderia minha filha e, como resultado, eu passei a falar holandês com ela também.
Isso só mudou mesmo depois que minha mãe veio pra cá no ano passado e eu percebi que minha filha brasileira mal conseguia se comunicar com a avó, mas mesmo assim preciso me policiar MUITO para não voltar a falar holandês com ela.
O problema no Brasil é que escolas desse tipo viraram parâmetros para medir importância social e ISSO eu acho errado. Acho errado impor uma língua que não é local, uma língua que na verdade “poucos” falam, como a língua primária de seu filho simplesmente pq os filhos de fulana-apresentadora ou fulana-primeira dama estudam na tal escola.